Com pouco mais de 80 anos de idade, o instrumentista paraibano Zé Calixto mostra mais uma vez porque é considerado um dos maiores tocadores do fole de 8 baixos ao lançar o excelente cd "Tocando pra se dançar" (DN Music), após um hiato de 6 anos - o último cd solo, "Poeta da Sanfona", saiu em 2008.
Integrante da chamada velha guarda do forró pé de serra, Zé Calixto esbanja habilidade na difícil (para nós, mortais) arte de tocar 8 baixos, em regravações de clássicos de sua carreira como "Guarajá no Varandão" (Zé Calixto/De Castro - 1969), "Xote em fá" (Zé Calixto - 1960), "Saudade de Tambaú" (Zé Calixto - 1962) e "Forró do Seu Dideu" (Zé Calixto - 1960), homenagem a seu pai, Seu "Dideus". O músico paraibano também incluiu composições de nomes tradicionais do forró, como Dominguinhos/Anastácia ("Eu me lembro"), Zé Gonzaga/João do Vale ("Madalena"), Zé Dantas ("São João no Arraiá") e Jackson do Pandeiro ("A pisada é essa", gravada anteriormente por Zé Calixto em 1963). Além dos tradicionais ritmos nordestinos, o paraibano não esqueceu, logicamente, do choro, em faixas como "Bole-bole" (Jacob do Bandolim" e "Choromingo" (Zé Calixto). Das 14 músicas do disco, apenas 3 não são instrumentais: "Madalena", cantada por Reginaldo Regis, "Eu me lembro", por Caboré, e "São João no Arraiá", na qual o paraibano divide os vocais com João Mossoró. Sim, isso mesmo, Zé Calixto se arrisca como cantor, como poucas vezes se viu em sua extensa carreira.
Produzido por Carlinhos Calixto, filho de Zé Calixto, e que também executa diversos instrumentos nas gravações, "Tocando pra se dançar" é um cd pra se ouvir do início ao fim, se possível com a tecla "repeat" do aparelho pressionada. É a prova da importância da pouco valorizada sanfona de 8 baixos, que Zé Calixto tanto difundiu em toda sua carreira, e que tem seu irmão, Luizinho Calixto, como um dos maiores defensores da memória e manutenção do instrumento. Puxa o fole, Calixto!
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