quarta-feira, 20 de julho de 2011

Entrevista - Neto Andrade


O blog do Programa Ralabucho estréia hoje as entrevistas com forrozeiros e nomes ligados ao forró. Alguns programas futuramente também contarão com participações especiais, mas de início as entrevistas estarão disponíveis no blog em forma de postagem.

O primeiro entrevistado do Ralabucho é o cantor Neto Andrade, que mostramos no Programa Ralabucho nº 07, na sessão "Safra boa". Neto lançará, no próximo mês, seu 2º cd, intitulado "Eu, a felicidade e uma pessoa", e nesse bate papo conosco fala do seu novo trabalho, de sua trajetória e de seus projetos.


                                                        Neto Andrade

Ralabucho: Neto, fale um pouco de sua carreira, sobre como surgiu o forró na sua vida e quando decidiu seguir a carreira de forrozeiro.
Neto Andrade: na verdade, fui muito influenciado na infância pelo contato que tinha nos dias de feira. Como o meu avô era comerciante, a mercearia tinha de tudo, de cabresto de chinela a cangalha de burro, então era muito freqüentada principalmente pelos poetas, emboladores e repentistas. Certa vez, meu avô, sem me dar chance de escolher, entrou em uma loja com as paredes cheias de discos e disse para o vendedor: “bote aí uma musica pra “Netin” ouvir Luiz Gonzaga” (risos). Acho que foi daí pra frente. Em relação à carreira de forrozeiro, foi por uma necessidade de matar a saudade dos meus costumes. Quando eu ouvia um forró, a vontade que tinha era de, quando crescesse, ser um daqueles.
Ralabucho: quais são seus maiores ídolos e suas maiores influências, no forró e na música em geral?
Neto Andrade: são muitos os ídolos. Humberto Teixeira, Jackson do Pandeiro, Messias Holanda, Genival Lacerda, Trio Nordestino, Assisão, Domiguinhos, Nando Cordel, o Mestre Rei do Baião e muitos outros. O Mestre, por ter a capacidade de escrever tão bem o sertão, como acredito que jamais alguém escrevera. Quem em sã consciência poderia profetizar que um dia os nordestinos pudessem voltar pra o sertão? Na minha opinião um homem muito inteligente. 
 
Ralabucho: embora você tenha nascido no Rio Grande do Norte, desde criança mora em Roraima. Comente um pouco sobre o movimento forrozeiro onde você mora, já que o Norte não é uma região que nos vem à cabeça quando falamos em forró.
Neto Andrade: hoje o movimento do forró pé de serra tomou conta do mundo, aqui não é diferente. A comunidade nordestina sente a necessidade de se deliciar comendo um bode, um cuscuz, uma galinha de capoeira e, indiscutivelmente, de ouvir um bom forró. Na verdade, Roraima é um grande território nordestino, assim como os demais estados dessa região. 
 
Ralabucho: no Nordeste, há vários anos, as bandas de forró estilizado dominam as rádios e a mídia em geral, ficando muito pouco espaço para o forró autêntico. Em Roraima acontece a mesma coisa? E o que você acha dessas bandas?
Neto Andrade: sem dúvida, infelizmente esse negócio que inventaram, as “big bands”, na minha opinião, não colaboram em nada pra uma cultura tão rica como a nossa. No inicio, até gostava dos trabalhos como os de Mastruz. Aqui em Roraima não é diferente. Sofremos muita com uma onda dessas imundícies vindo principalmente de Manaus, onde o forró é sinônimo dessas letras imbecis e de pessoas que insistem em ser cantores. 
 
Ralabucho: muita gente pensa que vida de músico é fácil, e a gente sabe que não, principalmente no início. Quais são as maiores dificuldades que você vem encontrando nessa sua caminhada?
Neto Andrade: eu acredito que em qualquer atividade que você queira atuar nos dias de hoje, ser bem sucedido não é fácil. A maior dificuldade é fazer com que o seu produto chegue ao público que você quer alcançar, até mesmo porque as emissoras de rádio e TV hoje visam lucros, apenas lucros, mas o mais importante pra mim é ter a consciência que o trabalho está sendo bem feito e, por mais que não alcancemos o grande público, tenho a certeza de que quem tiver a oportunidade de ouvir nosso trabalho gostará. 
 
Ralabucho: agora fale mais um pouco sobre o seu novo disco. Quando será lançado, quais as principais músicas e compositores?
Neto Andrade: o disco se chama “EU, A FELICIDADE E UMA PESSOA”, título que dá nome a uma das composições, do poeta pernambucano Elmo Oliveira. Meu primeiro cd solo foi “FILHO DO NORDESTE”, de 2009, mas esse novo, sem dúvidas, vem pra colocar meu nome nos discos favoritos de quem curte um bom forró, cheio de composições de grandes poetas nordestinos da atualidade como Xico Bizerra, Bráulio Medeiros, Maria Dapaz, Ilmar Cavalcante, Dejinha de Monteiro, Carlos Vilela, Alexandre pé de Serra, Bel Tenório, Anderson Iata, Roberto Lins e outros. São 16 canções maravilhosas. Estaremos lançando em agosto, junto com o site oficial www.cantornetoandrade.com.br. 
 
Ralabucho: como está sendo a reação do público? Já tem previsão de shows para outros estados?
Neto Andrade: para o primeiro semestre de 2012 estamos programando passar uma temporada no Nordeste, em razão dos vários convites que aparecem por conta de nossos fãs e promotores. 
 
Ralabucho: nos seus shows, o repertório é basicamente composto por suas gravações ou são incluídas músicas de outros artistas?
Neto Andrade: é impossível um forrozeiro em seu repertório não viajar no tempo. O público pede muito grandes canções do passado. Luiz Gonzaga e Jackson encabeçam nosso repertório. 
 
Ralabucho: e sobre o Ralabucho, o que achou das edições do programa?
Neto Andrade: coisa boa!!! Mais um espaço autêntico para que o povo do Brasil e do mundo possa acompanhar a história e a cultura de uma região e de uma nação tão rica como o Nordeste. Parabéns pelo trabalho maravilhoso, muitos anos de vida para o Ralabucho. 
 
Ralabucho: pra finalizar, cite 5 músicas que não podem faltar em nenhum forró.
Neto Andrade: 
Feira de mangaio (Sivuca e Glorinha Gadelha)
Sebastiana (sucesso de Jackson do Pandeiro, de autoria de Rosil Cavalcanti)
Até mais ver (Carlos André – composição de Pedrinho/Primo)
Severina xique-xique (Genival Lacerda/João Gonçalves
Espumas ao vento (Accioly Neto)

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