Data: 30/06/2013
Duração: aprox. 62 minutos.
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Há exatos 10 anos, em 30 de junho de 2003, o Nordeste perdia um dos grandes nomes de sua música daquele período. Justamente no último dia do mês
junino, partia, precocemente, aos 50 anos, o poeta, cantor, compositor,
sanfoneiro, violonista, guitarrista, tecladista, produtor e arranjador Félix
Porfírio. Embora não tenha se tornado um nome conhecido nacionalmente entre o
grande público, Félix Porfírio pode ser considerado sim um dos grandes nomes da
música nordestina, principalmente nos anos 80 e 90. Pernambucano da cidade de
Ribeirão (30/08/1952), Félix Miguel Porfírio, filho do sanfoneiro João Porfírio,
começou a ter contato com a música ainda na infância, época em que levava uma reprimenda
toda vez que o pai o flagrava mexendo no seu acordeon. Totalmente autodidata
nos instrumentos, ainda adolescente começou a acompanhar grupos e outros
artistas, tocando guitarra e teclado. No grupo Embalo Z, por exemplo, tocava
teclado, e com o cantor Paulo Diniz, guitarra.
Estreou em carreira solo com o LP Xoteando, de 1987. Em toda sua trajetória, Félix Porfírio lançou 11 discos, sendo
6 lps e 5 cds. Em suas composições, costumava falar principalmente de amor,
saudade, de paixão, sem nunca ser meloso, em uma poesia de linguagem simples e
direta, mas também compunha canções com a alegria típica do forró. Soube ainda
criar melodias belíssimas, sem ser enjoativas. Nunca desvirtuou do caminho do
forró autêntico, não aderindo aos diversos modismos que surgiram no cenário
musical nordestino e brasileiro durante sua trajetória. Teve suas canções
regravadas por nomes como Dominguinhos, Flávio José, Alcymar Monteiro,
Adelmário Coelho, Nádia Maia, Irah Caldeira, Santanna, Waldonys, Novinho da Paraíba e muitos
outros. Como
sanfoneiro, Félix também tocou e gravou para diversos artistas. O último e mais
representativo disco de Accioly Neto, por exemplo, intitulado "Meu forró", teve a
sanfona gravada por Félix Porfírio, que também era considerado um exímio
violonista.
O primeiro álbum, o excelente LP "Xoteando", no qual assinava 8 das 12 canções do disco, algumas em parcerias com compositores como Nando Cordel e Accioly Neto, foi lançado pela Polydisc em 1987. O disco contou com sanfonas de Oswaldinho, que dividiu com Félix os arranjos e teclados. Nesse primeiro trabalho, e em todos os demais de sua trajetória musical, Félix também atuou como produtor e como arranjador. Destaque para duas parcerias com Nando Cordel: "Desassossego", que foi regravada por músicos como Israel Filho, Adelmário Coelho e Beto Hortis, e "Só quero te amar".
O primeiro álbum, o excelente LP "Xoteando", no qual assinava 8 das 12 canções do disco, algumas em parcerias com compositores como Nando Cordel e Accioly Neto, foi lançado pela Polydisc em 1987. O disco contou com sanfonas de Oswaldinho, que dividiu com Félix os arranjos e teclados. Nesse primeiro trabalho, e em todos os demais de sua trajetória musical, Félix também atuou como produtor e como arranjador. Destaque para duas parcerias com Nando Cordel: "Desassossego", que foi regravada por músicos como Israel Filho, Adelmário Coelho e Beto Hortis, e "Só quero te amar".
Após o "Xoteando", Félix Porfírio, ainda pela Polydisc,
lançou mais dois LPs: "No calor do forró", quando começou a gravar também as
sanfonas dos seus discos, e "Recado do Rei". Nesses dois trabalhos, Félix compôs
praticamente todas as faixas, incluindo parcerias com Noel Tavares e com os
cantores Nando Cordel, Jorge Silva e Petrúcio Amorim.
Em 1992, ele gravou, pela
Discos Celim, o LP "Forró para todos", dividindo as sanfonas com Duda da Passira.
O repertório também é todo autoral, com exceção de "Cochichado", de Nando Cordel.
No ano seguinte, 1993, retornou a gravar pela Polydisc, lançando
o LP "Morrendo de saudade", cujo destaque é a faixa título, de sua autoria com o
poeta Alexandre S. Carneiro, seu compadre. No repertório, canções próprias e de
nomes como Accioly Neto, Maciel Melo e, novamente, Nando Cordel.
Em 1994, pela gravadora
Colibri, ele lançou seu 6º e último LP, o "Quentura brasileira", que trouxe um
dos maiores sucessos de sua carreira, que foi "Represa do Querer", parceria com Noel Tavares. Nesse LP, Félix fez todas as sanfonas e
excluiu das gravações os teclados, adicionando metais como trombone e piston em
algumas músicas.Fez também uma homenagem a seu pai, gravando a instrumental
Homenagem a João Porfírio, de sua autoria. "Represa do querer", seu grande sucesso, também teve muito
êxito com Flávio José e foi gravada ainda por artistas como Dominguinhos,
Nádia Maia, Trio Forrozão e Alcymar Monteiro, entre outros.
Na era do cd, Félix Porfírio lançou 5 discos, sendo 4
incluindo músicas inéditas e uma coletânea com alguns dos seus sucessos. Em
1996 lançou pelo selo Gato o álbum "Forró de Verão", que é o cd em que Félix
aparece na capa ao lado de sua 3ª filha, Maria Luiza, à época com uns 4 ou 5 aninhos.
Talvez seja o seu melhor disco, pois
trouxe músicas como "Meu regaço", de sua
autoria com Noel Tavares, e "Deixe o Rio desaguar", de Aracílio Araújo. Nesse cd,
Félix, que dividiu as sanfonas com Genaro e com o paraibano Joca do Acordeon,
também incluiu algumas gravações antigas de lps, transpondo para a qualidade
digital canções como "Represa do querer", "Recado do Rei" e "Morrendo de saudade", além
de ter gravado dois duetos, O rosto da solidão, de e com Maciel Melo, e, com
Flávio José, Deixe o Rio desaguar, de Aracílio Araújo.
Ainda
pelo selo gato, veio o cd "Namorei em Juareiro e Me casei em Petrolina", que
trouxe o sucesso "Segura o forró", de sua autoria, que também teve versões, entre outros, nas vozes de Irah Caldeira e do pessoal do Nordestinos do Forró.. No álbum, Félix incluiu ainda
parcerias com Noel Tavares, Aracílio Araújo, A. S. Carneiro e Maciel Melo,
gravando a 1ª sanfona, com Genaro na 2ª.
Pela gravadora Mega Music saiu o cd “Estou voltando”, álbum
em que Félix mais adicionou canções de outros compositores, principalmente
Aracílio Araújo. Apenas metade das
músicas do disco são de autoria do pernambucano de Ribeirão. No cd, regravou ainda duas canções
suas, na forma de um pout-pourri: "Fiquei na saudade" e "Recado do Rei". Destaque
também para a instrumental "Forró para vocês"
No ano 2000, pela Seleto, veio o último cd com músicas
inéditas: "Forró do Cadilak", 10º álbum da carreira do forrozeiro. Dividindo as
sanfonas com Genaro, Félix incluiu alguns arrasta-pés e voltou a regravar
canções de seu repertório, como Amor, vinho e paixão, sem os metais da primeira
gravação, "Deitar no teu colo' e "Ribeirão", homenagem a sua cidade natal. No mesmo ano, participou do cd "A festa do forró", de Petrúcio Amorim, cantando em dueto a música "Forró brasileirinho" (Petrúcio Amorim/Novinho da Paraíba).
Em 2001 foi lançada a coletânea “As melhores de Félix
Porfírio”, contendo somente canções que já faziam parte do repertório dos seus
cds, sem inclusão de nenhuma música inédita.
Félix Porfírio faleceu na madrugada do dia 30/06/2003, após
passar alguns dias internado por conta de uma pneumonia dupla. Como vimos,
deixou uma obra muito rica e que merece ser mais conhecida, reconhecida e
valorizada. Merece mais homenagens no Nordeste e, principalmente, em Pernambuco, onde nasceu. Todos nós temos certeza que Félix foi muito bem recebido lá em cima e rapidamente se entrosou ao lado de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e seu grande parceiro e amigo Accioly Neto, falecido poucos anos antes. Mesmo com a partida de Félix, a música prossegue correndo no sangue
de sua família, principalmente através de sua filha mais velha, Renata
Porfírio, cantora, dona de uma belíssima voz, e que já possui diversas
composições próprias. Renata, que passeia por estilos como MPB, blues, soul e
jazz, integrou a banda La Porfírio e hoje segue em carreira solo.
Depoimentos:
Nádia Maia (cantora): "a gente teve uma felicidade muito grande em ter
conhecido, ter convivido com Félix Porfírio. Era um excelente músico, um
excelente compositor, um amigo querido. Gravei várias músicas dele, uma delas foi
No toque da sanfona, com Petrúcio Amorim. Fico feliz em ter podido conviver com
ele, aprendi muito durante o tempo em que ele viveu aqui entre nós em matéria, e
pra ele a gente mata a saudade ouvindo suas grandes composições."
Alcymar Monteiro (cantor, compositor): "falar de Félix Porfírio, um companheiro que eu convivi durante tanto
tempo, não é fácil, pois ele já não está mais entre nós fisicamente. Eu vou
falar do grande artista. Gravei várias músicas dele, como Represa do Querer e Meu
regaço. Félix era uma criança, uma pessoa muito pura, muito simples, querido
por todos nós. Era cheio de histórias, de causos. Esses 10 anos dele são 10
anos de saudade. Foi mais um soldado que se foi, deixando o forró em uma
dependência muito grande. Félix Porfírio, meu irmão, onde você estiver, receba
meu abraço e que Deus te abençõe."
Jorge Silva (cantor, compositor): "Félix Porfírio foi um defensor e grande representante do autêntico forró nordestino e também um dos grandes sanfoneiros do Brasil. Tive o prazer de conviver com ele e, juntos, compusemos várias obras, como, por exemplo, "O Rei mandou dizer". Infelizmente, ele não está entre nós para viver o momento especial do nosso forró pé de serra, mas ele contribuiu muito para que tivéssemos esse reconhecimento."
Maciel Melo (cantor, compositor): "Félix Porfírio foi o músico mais bem humorado que já conheci, sempre alegre e prestativo. Pra ele não existia saber mais ou saber menos, existiam saberes diferentes, e aí era onde estava a diferença dele para tantos outros artistas que conheço. A humildade, a sabedoria de conquistar amigos, o poder de aglutinação entre as pessoas, eram características dele."
Algumas composições de Félix Porfírio regravadas por outros artistas:
Desassossego: Israel Filho, Adelmário Coelho, Beto Hortis;
O Rei mandou dizer (ou "Recado do Rei"): Jorge Silva, Mazinho de Arcoverde;
Pra ganhar teu coração: Israel Filho, Nádia Maia, Irah Caldeira;
Na rede da paixão: Gláucio Costa;
Menina do Trem: Aracílio Araújo;
Fuxico de amor: Accioly Neto;
Tô indo embora: Adelmário Coelho;
Amor vinho e paixão: Nádia Maia e Alcymar Monteiro;
Gemer no teu amor: Nando Cordel;
Perdi a noção de ser feliz: Adelmário Coelho;
Luz e balão: Adelmário Coelho;
Amor envelhecido: Cicinho Lima;
Minha estrela: Novinho da Paraíba;
Minha estrela: Novinho da Paraíba;
Amor de primavera: Nádia Maia;
São João chegou: Cláudio Rios;
Tô querendo te encontrar: Silveirinha; Novinho da Paraíba;
Forró do Seu Vavá: Genaro
Lua do céu: Accioly Neto, Novinho da Paraíba;
Lua do céu: Accioly Neto, Novinho da Paraíba;
Um aparecer feliz: Santanna, o Cantador;
No toque da sanfona (ou Sanfona mastigadinha ou Sanfoninha choradeira): Nádia Maia, Terezinha do Acordeon, Adelmário Coelho, Waldonys;
Morrendo de saudade: Carneiro do Acordeon;
Segura o forró: Irah Caldeira, Nordestinos do Forró;
Represa do Querer: Flávio José, Dominguinhos, Nádia Maia, Trio Forrozão, Alcymar Monteiro;
Meu regaço: Alcymar Monteiro, Cézar Amaral, Ilana Ventura, Nordestinos do Forró, Ladja Betânia;
Discografia:
XOTEANDO (1987)
NO CALOR DO FORRÓ
RECADO DO REI
FORRÓ PARA TODOS (1992)
MORRENDO DE SAUDADE (1993)
QUENTURA BRASILEIRA (1994)
FORRÓ DE VERÃO (1996)
NAMOREI EM JUAZEIRO E ME CASEI EM PETROLINA
ESTOU VOLTANDO
FORRÓ DO CADILAK - VOL. 10 (2000)
AS MELHORES DE FÉLIX PORFÍRIO (2001)
Agradecimentos: a Renata Porfírio, por toda sua atenção, e aos cantores Alcymar Monteiro, Nádia Maia, Maciel Melo e Jorge Silva, pelos depoimentos.
Parabéns, grande Érico, por mais um belo trabalho que engrandece a cultura nordestina!
ResponderExcluirContinue seu belo e honroso trabalho de levar aos quatro cantos do mundo um pouquinho da cultura nordestina, representada pelo autêntico forró!
onde posso baixar a discografia do eterno felix porfirio
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